quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Obesidade - Fatores Genéticos ou Ambientais

Durval Damiani - Professor Livre-Docente, Unidade de Endocrinologia Pediátrica - Instituto da Criança - HC- FMUSP Fatores condicionantes da obesidade Tem se atribuído ao sedentarismo e à mudança de hábitos alimentares, introduzindo-se alimentos hipercalóricos, ricos em lipídeos e carboidratos, nos cardápios diários, a causa básica da obesidade. A esse respeito, convido o leitor a ler atentamente a sessão "Causas Genéticas da Obesidade" : é possível que a vontade de comer e de se exercitar sejam determinadas por genes específicos. Não devemos atribuir os maus hábitos a uma falta de amor próprio ou a uma auto imagem distorcida porque certamente, estaremos sendo injustos com uma boa parte de nossos obesos. A etiologia da obesidade é complexa e resulta da interação entre genes, ambiente e estilo de vida mas lembremos que um ambiente com comida farta não implica necessariamente, aumento da ingestão alimentar. Por que algumas pessoas excedem-se frente a uma oferta mais liberal de alimentos? Não teríamos aí o fator genético condicionando a "vontade de comer"? Por que algumas pessoas não conseguem ficar paradas, enquanto outras detestam atividades que impliquem movimento físico? Será que são avessas ao exercício simplesmente porque não se gostam o suficiente e querem ganhar peso? Ou será que esta avidez pela atividade física também é condicionada porgenes? Aspectos Genéticos da Obesidade Como a obesidade pode provocar alterações metabólicas múltiplas que contribuem para doenças cardiovasculares (coronariopatias, hipertensão arterial,trombose venosa), diabetes mellitus, dislipidemias, afecções pulmonares, renais,biliares e certos tipos de neoplasias, dentre outras, podemos dizer que esta condição clínica caminha para ser a mais importante causa de doença crônica do mundo (9, 10). A questão que se tem feito há décadas é : Quanto o aspecto ambiental interfere no aumento da incidência da obesidade comparado ao componente genético? A importância do componente genético fica patente quando verificamos que nossa vontade de comer e de se exercitar tem uma base genética e tende a se manifestar seja qual for o ambiente em que vivemos, desde que tenhamos acesso ao alimento. Por outro lado, se convivemos com familiares que ingerem quantidades excessivas de alimento, poderemos incorporar este hábito, pela simples imitação e nos tornarmos obesos? Os estudos de gêmeos têm tentado separar as influências ambientais das genéticas, já que, se forem criados em ambientes distintos (quando um dos gêmeos é adotado por outra família), teremos a possibilidade de obter informações sobre a influência ambiental em indivíduos com o mesmo patrimônio genético. Stunkard e col. realizaram um estudo na Dinamarca onde as crianças adotadas puderam ser comparadas com seus pais biológicos e com seus pais adotivos. Foram obtidas informações sobre 3580 adotados, utilizando-se como critério o IMC e a população foi dividida em quatro classes, tomando-se toda a faixa de adiposidade : magros (IMC nos 4 percentis mais baixos); peso médio(IMC próximo à média); acima do peso (IMC entre percentis 92 e 96) e obesos(IMC acima do percentil 96). Houve uma relação clara entre a classe de peso dos adotados e a de seus pais biológicos, não havendo relação aparente entre crianças adotadas e seus pais adotivos, sugerindo fortemente que influências genéticas são determinantes importantes da adiposidade e que as influências ambientais têm pouco ou nenhum efeito. É importante ressaltar que as influências genéticas observadas nesse estudo não são apenas confinadas ao grupo obeso, mas se estendem a toda a faixa de adiposidade, desde os muito magros até os muito gordos (11).

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